Rumo à energia mais limpa e eficiente

Terceira edição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid, que acontece nos dias 23 e 24 de agosto, em São Paulo, discutirá os avanços do mundo e do país rumo a um formato mais eficiente e adequado de produção e consumo de eletricidade.

 

A energia como conhecemos está com os dias contados. Muitos países do mundo já começam a pensar no futuro com o uso da geração de energia em pequenas quantidades e o uso de redes elétricas inteligentes. Trata-se de uma verdadeira revolução na forma como produzimos e usamos a energia. Nesse novo paradigma, haverá espaço cada vez maior para a geração distribuída em pequena escala, voltada ao consumo local e ao fornecimento do excedente à rede de distribuição. Ao mesmo tempo, a automação dos sistemas elétricos dos usuários possibilitará o gerenciamento do consumo, evitando desperdícios e otimizando o sistema de suprimento.

 

Esse tipo de situação já começa a se tornar realidade nos Estados Unidos e Europa, e deve modificar completamente o modelo com o qual estamos habituados. As grandes usinas interligadas com os mercados consumidores por meio de longas linhas de transmissão devem dar lugar, aos poucos, a instalações de geração de energia de pequeno porte, como placas para captação de energia solar, micro-turbinas eólicas e até mesmo unidades de geração de energia a partir de gás natural. Acompanhados por baterias de alta capacidade, esses sistemas produzirão eletricidade para o consumo local e poderão fornecer os excedentes para a rede.

 

As diferenças com o modelo atual não param por aí. Ferramentas de automação dos sistemas dos usuários – sejam eles consumidores residenciais ou indústrias – permitirão um controle muito mais eficiente do consumo de energia. Com medidores eletrônicos, as distribuidoras poderão estimular economias nos horários de pico, distribuindo melhor o consumo ao longo do dia. O consumidor que se dispuser, por exemplo, a usar menos energia no início da noite poderia ter um desconto na conta. Por outro lado, pagaria mais quem fizesse questão de gastar à vontade naquele horário. O mesmo poderá ser aplicado em casos de dias muito quentes, por exemplo, em que os sistemas de ar condicionado são mais exigidos.

 

Medidas claras que objetivem o estímulo à otimização no uso dos recursos energéticos devem fazer parte da política energética, da regulação e do papel do distribuidor de energia. O conceito de remuneração das distribuidoras, hoje relacionado ao volume de energia vendido e aos investimentos realizados, já está mudando em vários países do mundo, para que as empresas passem a centrar mais esforços no aproveitamento das possibilidades de economia de energia e de aumento na eficiência no consumo. Agentes do setor elétrico também terão papel importante de auxiliar os consumidores no processo de auto-produção e gerenciamento dos próprios sistemas.

 

Embora tecnicamente sejam possíveis, essas alterações dependem de uma série de adequações regulatórias e da introdução de novos equipamentos no mercado. Mas devem nos alcançar muito em breve, porque o novo contexto de mudanças climáticas, restrições ambientais e preços crescentes dos combustíveis tornam cada vez mais urgente a necessidade de se adotar um novo paradigma de consumo e produção de energia.

 

As oportunidades de negócio devem se multiplicar também em outras áreas. Há muito espaço para fabricação de micro-geradores para aproveitamento de fontes renováveis de energia, como biomassa e vento. Do lado do consumo, será necessário formar técnicos e especialistas para implantar sistemas de medição eletrônicos, bem como de softwares para o gerenciamento desses sistemas.

 

Esses temas serão discutidos na terceira edição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid, que acontece nos dias 23 e 24 de agosto, em São Paulo. Na ocasião, será possível conhecer o que existe sobre o assunto no mundo, incluindo exemplos implantados. Além disso, as discussões abordarão os padrões tecnológicos adotados, aspectos regulatórios e suas condições enquanto modelo de negócio. Será uma ótima oportunidade para os técnicos brasileiros conhecerem melhor o que já acontece lá fora e se preparem para o futuro que já está chegando aí.

 

Fonte: Envolverde - 17.08.2010

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