Municípios do Vale do Aço têm 50 mil desvios de energia

Cemig estima que um terço das moradias usem "gatos" para baratear a conta.
Cerca de 50 mil ligações de energia no Vale do Aço, em Minas Gerais, estão sob suspeita de serem clandestinas. A estimativa do número de "gatos" é da Cemig, que tem 152.689 consumidores residenciais nos quatro principais municípios da região: Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso.
O cálculo foi feito a partir das fraudes confirmadas pela empresa. Somente em Ipatinga, mais de um terço das moradias inspecionadas em 2010 roubavam energia. Técnicos encontraram irregularidades em 1.256 das 3.446 casas visitadas.
A Cemig identifica os "gatos" graças a denúncias anônimas e ao cruzamento de informações obtidas durante as leituras de energia, feitas mensalmente. Luiz Renato Fraga, engenheiro da Gerência de Gestão e Controle de Perdas da Distribuição da Cemig, conta que as inspeções apontaram muitos problemas.
- No ano passado, realizamos 6.324 inspeções no Vale do Aço e detectamos problemas em quase 3.000 residências.
Empresas de energia elétrica de todo país constataram aumento de 20% nas ligações clandestinas desde 2002. Somente em Minas Gerais, estima-se que 600 mil residências lancem mão das "gambiarras" para usufruir da energia sem pagar pelo serviço. Segundo a Cemig, os maiores ladrões de eletricidade estão nos bairros nobres.
A companhia acredita que a maioria das ligações clandestinas do Vale do Aço esteja em Ipatinga. Em segundo lugar vem Coronel Fabriciano. Na cidade foram feitas 1.806 inspeções e 713 padrões tiveram que ser regularizados. Timóteo aparece na terceira posição, com 826 vistorias e 381 padrões ajustados. Em Santana do Paraíso foram encontrados 83 padrões com evidências de energia furtada, dos 246 examinados.
Consumidores que fazem "gatos" podem ser punidos com uma multa de quase R$ 2.400. Se constatada adulteração do relógio de energia, o dano ao equipamento também é cobrado. O Código Penal prevê de dois a oito anos de reclusão para os fraudadores. Ao realizar a ligação irregular, eles ainda correm o risco de serem eletrocutados ou de causarem incêndios.
Quem recorre aos "gatos" alega que não tem condições de pagar pela energia. A justificativa é dada por um servente de pedreiro, morador do Bairro Bom Jardim, em Ipatinga.
- Ganho pouco e minha luz foi cortada várias vezes por falta de pagamento. A opção que arrumei foi essa.
Fonte: Jornal Hoje em Dia

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