Moradia - Consumidor opta pela praticidade ao invés de espaço

As pessoas vão preferir apartamentos menores e bem localizados àqueles longe do Centro e com grande metragem. Essa é uma das avaliações que faz uma pesquisa divulgada pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, sobre o trânsito daquela capital, para definir diretrizes no lançamento de empreendimentos. Mesmo sendo realizado na capital paulista, o levantamento se adapta a outras metrópoles do país, como Belo Horizonte.

Especialista em direito imobiliário, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Imobiliários (Ibei), Fernando Augusto Cardoso de Magalhães, atribui esse cenário sobretudo à falta de políticas públicas de planejamento estratégico urbano. “As cidades brasileiras, durante muitas décadas, foram crescendo sem qualquer estudo sobre os impactos gerados pelo aumento da população e expansão territorial dos grandes centros urbanos, principalmente no que diz respeito à mobilidade urbana”, considera.

Para o diretor-executivo da Vitacon Incorporadora e Construtora, Alexandre Lafer Frankel, a questão está intimamente ligada à qualidade de vida. “Definitivamente, passar quatro horas por dia no trânsito é uma inversão de valores. As pessoas querem mais tempo com a família, praticar atividades físicas e não encarar o estresse diário vivido no trânsito. Tudo isso vale muito mais do que uma sala maior ou um closet mais espaçoso”, observa.

Frankel diz que, nos últimos anos, as grandes cidades priorizaram o transporte individual em detrimento do coletivo. Com isso, a frota aumentou muito, enquanto a infraestrutura viária é inelástica. “As cidades que não focarem o transporte coletivo e meios alternativos de locomoção, assim como mudanças significativas no planejamento urbano, se tornarão impraticáveis”, avalia. A falta de infraestrutura também é o motivo apresentado pelo diretor da Casa Mais, Peterson Querino, para que a localização seja mais valorizada que a metragem do imóvel. Segundo ele, um dos exemplos disso é a ausência de transporte coletivo e vias públicas com capacidade de comportar o fluxo de veículos.

Infraestrutura

Diante disso, a tendência é que haja uma despolarização nas capitais, ou seja, que haja, em cada região da cidade, infraestrutura que dispense o deslocamento para outros locais. “Há 20 anos, quem morava na Pampulha, em Venda Nova ou no Barreiro, por exemplo, precisava ir ao Centro de Belo Horizonte para resolver tudo, fosse serviço bancário ou compras. Atualmente, todos os grandes adensamentos têm esses serviços, de forma que não é mais necessário esse deslocamento.”

E com o trânsito cada vez mais congestionado em Belo Horizonte, nos dias de hoje, morar perto do trabalho é sinônimo de maior qualidade de vida, como confirma o presidente do Ibei. “Assim, aliado ao fato de as famílias terem menos filhos hoje em relação ao passado, essas vêm preferindo residir em imóveis menores, porém, mais próximos ao trabalho e às comodidades de uma região que ofereça mais oportunidade de lazer e comodidades comuns das regiões mais bem localizadas”, diz Magalhães.

A publicitária Lucimara Resende Francisco é uma das pessoas que optou pela praticidade de residir mais próximo do trabalho. “Morava em uma casa, na região da Pampulha. Trabalhava do outro lado da cidade, na Zona Sul, e sentia muito estresse por causa desse longo deslocamento diário. Por sorte, consegui um apartamento em um prédio antigo, que, além de ser bem espaçoso, tem um condomínio acessível, pois não tem elevador.”

Fonte: Estado de Minas

Nenhum comentário:

Postar um comentário