Brasil começa a investir em redes inteligentes de energia elétrica

O Brasil dá os primeiros passos para entrar no seleto grupo de países com redes inteligentes de energia. O município de Aparecida, em São Paulo, realiza testes com modernos equipamentos digitais que poderão monitorar o fornecimento de energia e detectar falhas de abastecimento antes que elas provoquem interrupções. A substituição dos relógios de luz pelos novos medidores vai permitir a implantação de um novo sistema tarifário, vantagem que atinge diretamente o bolso dos consumidores.

“Nós podemos mudar a tarifa a partir de um simples toque no nosso computador no centro de medição”, destaca o gerente do projeto, Jeferson Marcondes. Foram necessários três anos para desenvolver e aperfeiçoar o sistema digital de medição e gerenciamento que, no jargão do setor elétrico, é chamado de smart grid.

A rede funciona a partir de medidores que são instalados nas casas e se comunicam, via rádio, com concentradores fixados em postes. São eles que fazem a ponte entre os consumidores e a distribuidora de energia. Para isso, os concentradores estão ligados à internet por uma rede 3G de telefonia celular.

“O medidor inteligente permite a microgeração”, afirma Marcos de Moraes Scarpa, gestor executivo da distribuidora EDP Bandeirante. Ele explica que os consumidores vão poder produzir sua própria energia – com painéis solares, por exemplo – e vender o excedente para a distribuidora. Caso não consiga produzir tudo o que precisa, compra apenas o que falta para atender às necessidades.

Consumidores e geradores

Recentemente, a Aneel, a agência reguladora do setor elétrico, aprovou uma resolução que permite que pequenos consumidores possam se tornar também geradores. “Isso vai permitir você gerar energia e entregar ou trocar com a distribuidora, e diminuir o seu consumo”, diz o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner.

A inovação que chega com o smart grid deve modificar a forma como o setor elétrico faz negócio. Atualmente, as concessionárias só sabem o consumo após a leitura dos medidores, que é feita uma vez por mês. Com a rede inteligente, serão pelo menos seis dados analisados em tempo real, que vão permitir a economia de energia e dinheiro. A eletricidade que os pequenos consumidores deixarem de usar, poderá ser oferecida a grandes clientes, que enfrentam restrições de consumo.

“Você vai dar a oportunidade para o cliente saber diariamente qual é o consumo dele. Ele poderá fazer uma gestão para economizar energia. Com isso, a tarifa vai melhorar ao longo do tempo”, acredita Marcondes.

O projeto de inovação em Aparecida começou pela distribuição de lâmpadas econômicas para toda a população. Nos bairros de baixa renda, as geladeiras velhas deram lugar a modelos novos, mais eficientes. “Na minha casa, foi uma diferença brusca na minha conta, que caiu praticamente 45%. Antes, pagava R$ 110, e agora pago R$ 60”, conta o funcionário público Márcio Aurélio Cardoso. As mudanças também são visíveis nas ruas. As lâmpadas de vapor de sódio foram substituídas por conjuntos de luminárias de LED, reduzindo o consumo em 40%.

Educação é desafio

Um dos desafios para tornar eficiente a rede inteligente é educar a população. Neste caso, a estratégia segue em duas frentes. A primeira delas é chamar a atenção de moradores e visitantes para o uso de energia. No santuário de Nossa Senhora, funcionários usam veículos elétricos, scooters e bicicletas para trabalhar. A segunda estratégia é educar as crianças. “Os alunos começaram a cobrar dos familiares. A partir do momento em que você tem a informação, você se torna crítico”, aponta a professora de geografia Ana Cláudia Vicente.

O gestor executivo da distribuidora que implementa o projeto em Aparecida diz que a maior preocupação da empresa é com a informação e a conscientização dos moradores. “Nosso objetivo é que cada um consuma da melhor forma possível”, afirma.

Fonte: Consect

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