Aneel autoriza geração de energia por força humana

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou ontem a
implantação de projeto inédito no país que prevê a geração de energia
por uma fonte pouco usual: a força humana. A iniciativa prevê o uso de
equipamentos de academias públicas disponibilizadas ao ar livre,
mantidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
A nova modalidade de geração de energia elétrica funcionará pelos
parâmetros da micro e minigeração distribuída. Estas regras permitem
que um consumidor de energia instale em sua residência, por exemplo,
uma pequena central de geração com fonte solar ou eólica. Sempre que a
produção superar o consumo, o excedente é colocado à disposição da
rede da distribuidora que garante a destinação dessa energia ao
mercado e compensa o consumidor com desconto na conta de luz.
A iniciativa está longe de ajudar o setor elétrico a superar a atual
cenário, causada pela dependência da energia hidrelétrica que foi
impactada pela falta de chuvas nos últimos dois anos. Porém, a empresa
idealizadora do projeto, a Adabliu Eventos, defendeu pontos de vista
positivos do programa, que devem estimular a conscientização da
população pelo uso eficiente da energia elétrica, a qualidade de vida
e o fomento a pesquisa e desenvolvimento de novos equipamentos
voltados às alternativas energéticas.
Ao analisar o projeto, os técnicos da Aneel tiveram o desafio de
buscar a forma de enquadrar o projeto entre as modalidades de
prestação de serviço. Os regulamentos da Aneel contemplam somente o
incentivo a fontes renováveis - especialmente, solar, eólica e
biomassa - e projetos com alta eficiência energética. Diante da
proposta inovadora, que contará com o apoio da distribuidora local, a
Light, a diretoria do órgão regulador sinalizou o interesse de
incluir, até abril de 2015, a força humana entre os tipos de fontes
que podem ser viabilizadas pelos sistemas de micro geração
distribuída.
O diretor da Aneel, Reive dos Santos, relator do pedido de
autorização, acatou as justificativas apresentadas pela Adabliu
Eventos. "Adicionalmente aos benefícios da geração alternativa, há de
se destacar o aspecto didático, o incentivo à pratica desportiva, a
conscientização sobre o uso eficiente da energia", ressaltou, durante
a reunião da diretoria.
Os pontos de geração distribuída de pequeno porte do projeto estão
associados aos equipamentos de exercício físico disponibilizados em
áreas públicas sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de
Esportes e Lazer. No local, a geração por força humana também poderá
ser complementada com fonte de geração de energia eólica e solar.
A chamada "energia cinética" será originada da rotação obtida em
equipamentos do tipo bicicletas ergométricas, esteiras e aparelhos de
"spinning", por exemplo. "Trata-se do reaproveitamento de uma energia
que seria desperdiçada caso não fossem utilizados sistemas de
conversão eletromecânica do trabalho realizado durante a prática
desportiva e injeção da eletricidade na rede de distribuição de
energia elétrica", afirmou Santos.
Momentos antes de conceder a autorização à Adabliu Eventos, os
diretores reconheceram que projetos semelhantes já foram implantados
em países da Europa. No Brasil, no entanto, a proposta teve caráter
inovador.
Fonte: Valor Online

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