Minas Gerais terá, nos próximos três anos, a maior planta de energia
solar da América Latina em Pirapora, no Norte do Estado. A empresa
Sunew, inaugurada há menos de um mês na capital mineira, é a única do
país – e das Américas – a produzir células fotovoltaicas em material
flexível em vez de placas rígidas. A célula é o dispositivo que capta
a luz do sol e a transforma em energia elétrica.
A espanhola Solatio Energia é a maior investidora em energia solar do
país. No último leilão de energia de reserva de 2015, realizado neste
mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a empresa
investiu R$ 600 milhões na ampliação da capacidade do projeto da usina
geradora de Pirapora. Somando esse valor ao que já investiu antes, a
Solatio terá aplicado no empreendimento, que deve começar a gerar
energia em 2018, mais de R$ 1,3 bilhão. A usina de Pirapora atingiu,
com esse crescimento, uma capacidade de produção de 240 megawatts
(MW).
Outro investimento que pode ser feito no Estado é a instalação de uma
usina de energia fotovoltaica. A Cemig divulgou em agosto interesse em
investir R$ 4 bilhões no projeto. "A Efficientia (empresa da Cemig)
atua em projetos de geração distribuídas com fotovoltaica, como os
condomínios em associação com o grupo Algar, em Uberlândia, e, na
UniverCemig, a viabilização da conexão de usina solares à rede de
empresas vencedoras do leilão de energia renovável", diz o presidente
da Efficientia, Alexandre Heringer.
Imposto
Além de ser a unidade da federação com maior número de usinas de micro
e minigeração distribuída do país, Minas produz, nesse segmento, mais
que o dobro do segundo colocado, de acordo com a Associação Brasileira
de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Mesmo assim, o governo do
Estado ainda não aderiu ao convênio do Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz) que mantém benefícios fiscais à cadeia produtiva
da energia solar. "Minas perdeu a dianteira do incentivo para os
Estados que já assinaram o convênio que garante a isenção do ICMS",
afirma o diretor executivo da Absolar, Rodrigo Lopes Sauaia.
Minas Gerais foi o primeiro Estado a criar incentivos fiscais para a
cadeia produtiva da energia solar. "Hoje só garante a isenção por um
período, mas os outros Estados garantem isenção pelo tempo de vida
útil da usina, ou seja, 25 anos", afirma Rodrigo Sauaia.
"Estamos lutando com o (governador) Pimentel para que seja assinado o
convênio", afirmou o deputado estadual Gil Pereira (PP), presidente da
comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Partes do Estado recebem mais luz até que o Nordeste
A quantidade de sol recebida (insolação) em algumas regiões de Minas
Gerais é maior que nos Estados do Nordeste, segundo o presidente da
Efficientia, empresa de eficiência energética da Cemig, Alexandre
Heringer Lisboa. "A radiação solar de Minas Gerais mostra um grande
potencial para a implantação de sistemas solares fotovoltaicos",
afirma.
Segundo o deputado estadual Gil Pereira (PP), da comissão de Minas e
Energia, a estrutura no entorno das usinas é fundamental. "Uma
vantagem de Pirapora é que lá as linhas de transmissão já existem",
avalia. A Solatio, espanhola responsável pela usina de Pirapora,
destaca a geografia, os diferenciais logísticos e a acessibilidade
como fatores estratégicos na definição por investir no Estado.
Até teto de carro será gerador
A fachada de um prédio, o teto de um carro e a capa de um tablet irão
se transformar em usinas geradoras de energia. Impossível? Não com a
tecnologia desenvolvida pela empresa mineira Sunew. A Sunew desenvolve
módulos fotovoltaicos orgânicos, um produto que, além do Brasil, só é
feito na Alemanha, no Japão e na Coreia do Sul.
Flexíveis e leves, os painéis orgânicos (OPV) podem ser colocados onde
as grandes e pesadas células fotovoltaicas não podem ser utilizadas.
"O OPV não compete diretamente com o silício, ele é complementar",
explica o CEO da Sunew, Marcos Maciel. As aplicações do painel
orgânico, porém, são mais amplas. "Uma célula de silício dura 25 anos;
eu também consigo fabricar um produto com essa durabilidade, mas,
dependendo do uso, não preciso. A capa de um tablet, por exemplo, não
precisa de tanto tempo, e eu posso criar um material mais barato e
menos durável", explica Maciel.
Entre as vantagens também está o peso do OPV. "Enquanto uma célula de
silício pesa 25 kg, o meu painel pesa 0,5 kg", informa Maciel. "Por
isso, posso desenvolver projetos, como estamos fazendo com a Fiat,
para colocar painéis no teto dos carros", conta. "Imagina deixar o
carro no sol a uma temperatura de 30º. Se um ventilador ficar ligado,
sendo alimentado pela energia solar, quando você voltar a temperatura
dentro do carro vai estar muito mais amena", explica.
Fonte: Brasil Agro
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