A sua conta de energia poderia ser até 27% mais barata - e a culpa é de quem?

Esqueça reduções das tarifas promovidas pelo governo ou por agência reguladora. Um novo estudo divulgado quinta-feira (5) pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) aponta algumas medidas de eficiência energética que poderiam reduzir de 17% até 27% a conta de energia das residências e das indústrias brasileiras até 2030. O principal ponto do levantamento, realizado pelo PSR Soluções e Consultoria em Energia, mostra que para o Brasil desenvolver o setor elétrico - usando melhor e cobrando menos dos consumidores - é preciso otimizar o uso da matriz já existente e não necessariamente aumentar sua oferta.
O estudo servirá de base para que o CEBDS, ao lado de 20 CEOs de grandes companhias (Siemens, GE, Renova, Schneider, CPFL Renováveis, entre outras) coordenem soluções em parceria com o poder público. As medidas propostas levam em conta as metas estabelecidas pelo país, no Acordo de Paris, e apontam três cenário possíveis: redução de 10%, 15% e 20% no consumo da energia que perpassa o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Entre as medidas de eficiência energética propostas para o horizonte 2016-2030 estão leilões de eficiência energética, tributação reduzida para equipamentos eficientes, criação de um fundo garantidor de crédito para o setor e inclusão do tema de eficiência energética na formação técnica. O estudo defende que aumentar a eficiência energética (EE) é mais barato que investir na expansão através de qualquer fonte de energia nova. Também aponta que, dentre esses cenários, a redução de emissões de CO² poderia variar de 10% até 23%.
As ações mais indicadas para os consumidores - incluindo indústria e residência - a fim de aumentar a eficiência energética são a substituição de motores elétricos na classe Industrial, troca de lâmpadas fluorescentes ou de vapor de sódio por LED (classes Comercial, Outros e Residencial) e mudança de hábitos de uso de equipamentos como fechar portas e janelas e dimensionar adequadamente velocidades e temperaturas, especialmente na classe residencial.
O estudo também é enfático ao mostrar que é preciso considerar as eficiências da geração e transmissão de energia do país. A análise mostra que há uma diferença de 11% na produtividade oficial e prática das hidrelétricas brasileiras.
Entre as barreiras para melhoria do uso da energia do país apontadas estão o acesso e qualificação de recursos financeiros e humanos e às políticas estratégicas coorporativas e governamentais.

Redução nas residências e na indústria
Os setores industrial, residencial e de serviços concentram respectivamente, 44%, 29% e 25% do potencial de conservação de energia em 2030.
A indústria hoje é a que gasta menos tendo pouco mais de 500 mil unidades consumidoras - valor muito pequeno comparado aos mais de 66 milhões de consumidores residenciais ou 5,5 milhões de consumidores comerciais. Três setores - metalurgia, minerais e alimentos - respondem por metade do consumo industrial.

A eficiência do Brasil e do mundo
No cenário internacional, a colocação do Brasil em termos de eficiência energética não é boa. Em ranking divulgado recentemente pela organização não governamental Conselho Americano para uma Economia Energeticamente Eficiente (ACEEE, na sigla em inglês), o país ficou na penúltima colocação entre as 16 maiores economias do mundo. Só esteve melhor posicionado que o México.
Entre os motivos apontados pelo ACEEE, estão a falta de padrões obrigatórios para instalações elétricas em prédios e residências e o fato de que exigências sobre eficiência energética só se aplicam a poucos equipamentos eletroeletrônicos. O relatório ainda indica que a política energética no Brasil se concentra basicamente na produção de energia renovável, "deixando uma grande quantidade de eficiência energética intocada".

E a lâmpada LED?
Não é de hoje que as lâmpadas LED são apontadas como uma promessa do setor de iluminação para ganhar maior eficiência e reduzir custos e consumo. Em 2014, o número de lâmpadas de LED vendidas no Brasil foi de 20 milhões de unidades, seis vezes mais do que em 2011, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). A previsão é que esse tipo de lâmpada deva representar metade do total de vendas do setor nos próximos dois anos.
A lâmpada LED oferece uma economia de energia de mais de 80% em comparação com lâmpadas incandescentes e de 50% em relação àquelas de vapor de sódio, que predominam na iluminação pública. A barreira para seu uso em maior escala, segundo o estudo divulgado pelo CEBDS, é que a flutuação cambial atrapalha a implementação dessa tecnologia - já que a produção nacional não é incentivada e não traz produtos com maior valor agregado.
O estudo propõe as seguintes ações para melhorar a eficiência em cada um deles:
Indústria
- Substituição de lâmpadas incandescentes e fluorescentes por lâmpadas LED;
- Substituição de motores elétricos antigos por modelos mais novos de alto rendimento;
- Aplicação de novas tecnologias, especialmente no uso final eletroquímico e nos gêneros Metais Não Ferrosos (segmentos de alumínio, cobre e zinco) e Química;
- Substituição do combustível utilizado no uso final;
- Otimização do sistema de refrigeração (vedação, uso de termostato, evaporador, posicionamento dos equipamentos, combate aos vazamentos), em especial no gênero Alimentos e Bebidas;
- Redução do uso de equipamentos em modo standby;
- Utilização de controladores de velocidade em certas aplicações (por exemplo, o acionamento de bombas, ventiladores ou compressores com regimes de operação bastante variáveis;
- Substituição dos fornos elétricos antigos, especialmente os utilizados na etapa de fusão e redução do metal no gênero Metais Não Ferrosos.
Comércio
- Substituição de lâmpadas incandescentes e fluorescentes por lâmpadas LED;
- Substituição de equipamentos por tecnologias mais eficientes;
- Otimização do sistema de refrigeração (vedação, uso de termostato, evaporador, posicionamento dos equipamentos, combate aos vazamentos).
Residências
- Dimensionar adequadamente velocidade de ventiladores e temperatura de condicionadores de ar;
- Desligar aparelhos em standby. O uso de "tomadas inteligentes", que possuem interruptores próprios pode facilitar essa ação;
- Substituir lâmpadas fluorescentes por LED;
- Instalar boilers solares para aquecimento de água de banho;
- Construir e reformar casas, considerando uma participação maior de iluminação natural e/ou novas tecnologias de reflexão de luz.
Fonte: Época Negócios

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