Dias de tempestades no Brasil aumentam 70% em 60 anos

Pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) levantaram dados de tempestades de 1910 a 2010 em 14 cidades brasileiras, todas com mais de 500.000 habitantes e que tiveram expressivo aumento de população nos últimos 50 anos. Os resultados inéditos mostram que houve um aumento de 79% no número de dias de tempestade nos últimos 60 anos em comparação à primeira metade do século 20.

De 1910 a 1951, havia 43 dias de tempestade por ano nestas 15 cidades, em média. Em 2010, esse número saltou para 77 dias. O aumento foi observado em todas as regiões do Brasil. As cidades que apresentaram dados mais relevantes foram São Paulo, Goiânia, Belém e Manaus, com aumentos superiores a 100%. As cidades nordestinas avaliadas apresentaram percentual de crescimento expressivo, mas devido à baixa ocorrência de dias de tempestade na maior parte da região nordeste a variabilidade dos dados também foi alta. Dias de tempestade são definidos como dias em que ocorrem raios cujos trovões associados são escutados por observadores. A coleta dos dados é feita por observadores, que ficam em aeroportos ou em outros locais estratégicos.

Esses resultados ainda não publicados corroboram com outro estudo do Elat, publicado em junho deste ano no “Journal of Geophysical Research” – o mais importante periódico da área. Para esse trabalho, foram avaliados dados de tempestade do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas dos últimos 150 anos.

“O aumento da frequência de tempestades reforça pesquisas anteriores que sugerem estar relacionadas com causas como as ilhas de calor criadas pelos grandes centros urbanos em função das superfícies artificiais (asfalto), dificuldade de reirradiação por causa dos prédios, falta de vegetação e poluição atmosférica”

O estudo aponta que o número de tempestades aumentou em São Paulo e Campinas proporcionalmente ao crescimento das cidades, o que comprova a ideia de que as ilhas de calor formadas em zonas urbanas são um dos responsáveis pelo aumento das chuvas fortes. Já no Rio de Janeiro, a relação não foi estabelecida. “Porque o Rio já era bastante populoso no início do século XX, ao contrário das outras cidades avaliadas. A proximidade com o oceano também pode minimizar o efeito da urbanização”, explica Osmar Pinto Jr.

O mesmo efeito mencionado acima é observado nas novas pesquisas feitas para as 14 cidades brasileiras. Os novos resultados devem ser publicados nos próximos meses.

Fonte: Portal ELAT

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário