Reservatório em baixa

Em primeiro de fevereiro a capacidade da Usina Hidrelétrica de Furnas era de 46,26%, e caiu para 32,3% em março. / Reprodução
Em primeiro de fevereiro a capacidade da Usina Hidrelétrica de Furnas era de 46,26%, e caiu para 32,3% em março. / Reprodução

A seca do Lago de Furnas vem causando prejuízo a dezenas de municípios do Sul de Minas Gerais, onde está localizado, e deixando o sistema elétrico brasileiro em alerta. Responsável pela geração de 17,46% da energia consumida nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o reservatório da Usina de Furnas, em São José da Barra, a principal das que operam no lago, segue em queda acentuada.

Mesmo com o verão - o melhor período das chuvas caminhando para o fim, o reservatório viu o volume de água baixar mais de um metro e meio em duas semanas e perder 14% de seu índice em pouco mais de um mês. Nesta sexta-feira, Furnas operava com somente 32,3% de sua capacidade, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema), contra 46,26% do primeiro dia de fevereiro.

A Usina Hidrelétrica de Furnas foi a primeira a ser construída pela companhia de quem ela herdou o nome. Ela é uma das quatro usinas que operam no Rio Grande. Entre as demais a situação é mais crítica em Água Vermelha, que funciona hoje com apenas 19,77% de sua capacidade, e Marimbondo, cujo nível está em 20,13%.

A Bacia do Rio Grande é responsável por 25,8% do fornecimento de energia ao Sudeste e Centro-Oeste. Ontem, o Lago de Furnas estava 10 metros abaixo do nível máximo. E, se de um lado existe a preocupação com relação à produção de energia nas usinas, de outro o represamento da água com esta finalidade é sentido diretamente pelos municípios que dependem economicamente do rio.

Desemprego

Com a seca no lago, pousadas, hotéis, restaurantes e outros negócios que sobrevivem graças a sua água se preparam para dias difíceis. A pesca e a navegação quase que deixaram de existir em muitos locais com a estiagem. Isso porque a represa se tornou perigosa em determinados pontos para as embarcações, enquanto que pescar às suas margens está ficando complicado com a falta de água.

“Ainda estou trabalhando, mas muitos colegas aqui da região já pararam”, conta Fábio Maciel, dono da Pousada da Garça, no município de Fama, que ainda consegue oferecer a pesca esportiva aos turistas. Mas ele mesmo diz que a expectativa é que o lago esteja seco dentro de 40 dias. “Aí, tudo por aqui vai fechar e muitas pessoas serão prejudicadas”, prevê.

A última vez que a represa secou foi em 2001, ano em que o sistema elétrico brasileiro ficou à beira do colapso com o chamado “apagão”. Maciel lembra que na época as pousadas também fecharam, mas muitas conseguiram reabrir menos de dois meses depois. “Espero que dessa vez, também, a reabertura não demore”, disse.
Fonte: Folha da Manhã
 

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