Mudança na forma de consumir

O consumo desenfreado e a atividade industrial intensa vão além da
poluição e da degradação do meio ambiente. Pesquisas dos cientistas
José Goldemberg e Pavan Sukhdev mostram que o mundo já gastou mais de
US$ 2,1 trilhões com prejuízos sociais e de saúde em decorrência dos
males causados pela exploração inadequada da natureza.
De acordo com Goldemberg, pesquisador da Universidade de São Paulo
(USP), o consumo de água em condomínios da cidade de São Paulo já
chegou a 800 litros/dia por pessoa em 2013 a média nacional é de 150
litros/dia por pessoa. Em comparação com o número recomendado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), o maior município do país
extrapola oito vezes mais do que o defendido pela organização.
"Civilizações inteiras desapareceram por escassez de água. Portanto, o
problema da sustentabilidade é central. Basta pensarmos que um índio
na natureza consome uma quantidade de energia 100 vezes menor do que
qualquer morador de uma grande cidade".
A ideia central defendida por Goldemberg é que um dos grandes
problemas do consumo de recursos naturais em todo o planeta é o custo
operacional das edificações no mundo contemporâneo. Mais
especificamente para a arquitetura, Goldemberg mostrou que 41% do
consumo de toda a energia gasta pelo ser humano vem dos edifícios. Mas
gerenciar a eletricidade é uma questão muito mais fácil do que aquela
do gerenciamento de outros recursos.
Seguindo a linha da necessidade de modernização na produção e no
consumo de energia e bens renováveis, o pesquisador indiano Sukhdev
afirma que quando há debates sobre políticas verdes, sempre existe a
discussão de quais grandes setores vão perder ou ganhar. "Muitas das
companhias de hoje funcionam ainda como nos anos de 1920. Essas
empresas, visando aumentar cada vez mais os lucros, e sem
regulamentações apropriadas, passaram a adotar práticas como a
publicidade baseada na insegurança nos consumidores, que por sua vez
aumentam o consumo", explica o indiano.
Apesar do desafio pela frente, a economia verde já mostrou seus
resultados benéficos em escala econômica. Nos Estados Unidos, a cada
US$ 1 milhão investidos em eficiência energética de edifícios, 10 a 14
empregos diretos são criados e três a quatro indiretos. Se 40% do
parque imobiliário dos EUA fosse renovado até 2020, 6,2 milhões de
empregos seriam criados em 10 anos.

Fonte: Correio Braziliense

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