Brasil desperdiça 7 milhões de MWh por ano com motores velhos, aponta estudo

O Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC) realizou estudo que comprova o desperdício de mais de sete milhões de MWh por ano no Brasil, decorrente da comercialização de motores industriais recondicionados, e com baixo nível de eficiência. O projeto, coordenado pelo professor Reinaldo Castro Souza do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC, foi realizado em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e apoiado pela International Copper Association Brazil (ICA/Procobre).
De acordo com o estudo, a perda de energia decorrente da venda irregular destes motores, usados em prensas e máquinas operacionais, é responsável por uma perda de energia equivalente à produção anual de Angra 2 ou da usina hidrelétrica de Porto Primavera. O coordenador do projeto contou à Brasil Energia sobre os objetivos da pesquisa e a repercussão dos resultados.
O estudo mostrou que a comercialização de motores industriais recondicionados influenciou em grande desperdício de energia. Como vocês chegaram a esse resultado?
Reinaldo Souza: Todo motor que é recondicionado resulta em uma perda de eficiência de 1% a 3%. Assim, estes motores recondicionados passam a consumir mais energia do que consumiam antes do reparo. Além disso, o tempo de vida do recondicionado também diminui e, em geral, ao falhar de novo, são mais 1% a 3% de perda de eficiência e assim, mais consumo de energia para realizar a mesma tarefa.
Qual é uma possível solução para esse problema?
Reinaldo Souza: A solução seria que estes recondicionamentos fossem feitos pelas oficinas autorizadas que seguem o protocolo correto de recondicionamento (as não autorizadas fazem estes recondicionamento sem obedecer a estas normas). Além disso, o comércio que estas não autorizadas tendem a fazer, de venderem motores recondicionados ineficientes (que é prática comum nestas oficinas), deveria ser proibido pelo regulador.
Um dos objetivos do projeto era "sensibilizar o poder público". Houve algum tipo de diálogo com o poder público após o estudo?
Reinaldo Souza: Sim, tanto que a ANEEL está preparando um edital de projeto prioritário para substituição de motores antigos por motores novos com financiamento dos recursos do PEE (Programa de Eficiência Energética). A indústria interessada receberia um bônus pela troca de seu(s) motor(es) velho(s) e estes seriam recolhidos pelo fabricante do motor. O edital deste projeto está em elaboração pela ANEEL.
Fonte: Brasil Energia

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