Empresas alemãs pagam consumidor para usar eletricidade por 7 horas

Alemanha - Durante sete horas no começo deste mês, a Alemanha pagou para quem usasse energia. Entre as 9h e as 16h do domingo (8), o preço da megawatt-hora ficou negativo, entre - ? 130 (cerca de - R$ 517) e ? 34 (R$ 135).
Isso aconteceu porque, na Alemanha, o mercado regula o setor de energia, com pouquíssima interferência governamental e baseado na relação oferta e demanda.
Segundo Christoph Podewils, diretor da Agora -organização que pesquisa energia convencional e renovável-, as empresas alemãs preferem lidar com o desequilíbrio entre oferta e demanda reduzindo o preço abaixo de zero em vez de diminuir a potência de produção.
Embora a variação seja comum, a última vez em que o preço ficou negativo foi no Natal de 2012. No dia 8, os termômetros registraram ventos fortes, céu azul e temperaturas mais elevadas que a média.
Os alemães comemoravam Dia das Mães e Podewils acredita que muita gente saiu de casa para aproveitar a primavera ao ar livre.
Por volta das 13h, quando o preço atingiu seu valor mais baixo e o consumo foi menor que o previsto, a produção de energia a partir de fontes renováveis era equivalente a 87% de todo o consumo de eletricidade na Alemanha.

O GARGALO
A variação aguda no preço revela que o armazenamento é o grande problema da produção de energia renovável, diz o pesquisador alemão Thomas Fröhlich, do Brazil Institute na universidade King's College London.
"Nós não temos capacidade de armazenamento. Se houvesse, poderíamos estocar o excesso e estabilizar os preços", afirma Fröhlich.
Ele ressalta que problema é a falta, até este momento, de tecnologia que seja eficiente e acessível. "São quantidades enormes de energia, que, até agora, não podem ser estocadas em baterias", explica Fröhlich, dizendo que já há empresas trabalhando com soluções nesse sentido.
Segundo ele, tecnicamente o Brasil tem condições para, um dia, produzir energia renovável num patamar similar ao da Alemanha.
"Mas não vejo as prioridades no Brasil indo em direção à sustentabilidade", afirma Fröhlich.
Fonte: Folha de São Paulo

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