Consumo ainda forte de energia

O forte aumento do consumo de energia elétrica - que bateu recordes
sucessivos este mês com as altas temperaturas - não afetará a meta de
economia prevista com o horário de verão, que termina no próximo dia 21.

Segundo um técnico do setor, a redução do consumo deverá ficar em torno de
4,5%, dentro das previsões iniciais, o que representa cerca de dois mil
megawatts (MW) desde 18 de outubro do ano passado.

O técnico explica que a meta já foi traçada com expectativa de demanda
mais alta neste verão, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS). Em janeiro, o consumo de energia no país registrou um aumento de 2,6%
em relação ao mês anterior e de 12,1% em comparação a janeiro de 2009. O
setor estima que neste ano o consumo de energia deverá crescer 7,4%, contra
queda de 1,1% no ano passado. Além das altas temperaturas, também houve
retomada da atividade econômica. Em fevereiro, o pico de consumo chegou a 71
mil MW.

Aumenta procura por ar condicionado

Segundo especialistas, a escassez de aparelhos de ar condicionado no mercado
também evitou uma explosão maior do consumo de energia elétrica nas
residências. A falta do produto - apontada pelo GLOBO há mais de três meses
- persiste. Segundo redes varejistas, as vendas dobraram em relação às
previsões iniciais e ficaram muito acima do ano passado, tornando mais
difícil a reposição de estoques e provocando o sumiço dos aparelhos nas
lojas.

No Grupo Pão de Açúcar, as vendas de ar condicionado do Ponto Frio e do
Extra este ano, até 17 de fevereiro, foram 160% maiores do que em igual
período de 2009.

A diretora de compras da Ricardo Eletro, Sonia Trindade, disse que as vendas
da rede neste verão foram o dobro do esperado, apesar de uma renegociação
com a indústria no mês de novembro.

"O calor foi muito maior que o imaginado. Nós nos reunimos com a indústria
em novembro, eles aumentaram a produção, mas não chegou a ser suficiente
para atender à demanda. Eles não podem expandir tanto de um mês para outro.
Vendemos o dobro do que prevíamos, mas estimamos que, se tivéssemos
produtos, as vendas de ar condicionado e de ventiladores teriam sido 30%
maiores", disse Sonia.

A professora Sonia Machado, de 53 anos, esteve na loja da Ricardo Eletro no
Centro do Rio ontem e, após duas semanas de procura, encontrou um modelo da
Consul de 12.000 BTUs, por R$ 1.299, mas com prazo de entrega de sete dias.

"Já fui a muitas lojas, mas não consigo encontrar o que quero. Vou fazer uma
última pesquisa de preço para ver se acho algo mais barato aqui perto, mas
se não encontrar vou comprar este mesmo", disse.

A dona de casa Cíntia Mikaely, de 23 anos, optou por um modelo mais caro do
que o previsto inicialmente para não correr o risco de ficar sem o ar
condicionado. Sua família procurava um aparelho sem controle remoto de até
R$ 600, mas acabaram pagando R$ 899 por um exemplar da chinesa Gree de 7.000
BTUs.

"Está muito quente e não dá para ficar sem ar condicionado. Vamos gastar um
pouco mais, mas pelo menos conseguimos comprar", disse Cíntia.

A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros)
informou, em nota, que "a onda de calor muito intenso, que supera as médias
dos últimos anos para este período e que atinge várias cidades do país
nestes dias, tem levado muitos consumidores a adquirir ventiladores e
aparelhos de ar condicionado, em um ritmo maior do que o já esperado para
esta época do ano".

Eliano Santana dos Santos, gerente de vendas de condicionadores de ar da
Elgin, fabricante brasileira de ar condicionado, confirma que a onda de
calor foi forte, mas estima que seus concorrentes fizeram projeções modestas
de crescimento de vendas, sem levar em conta o aumento da renda média do
brasileiro:

"Muitas de nossas concorrentes têm sede no exterior e, com a crise global,
muitas matrizes não apostavam em avanço tão forte das vendas". A Elgin
previa aumentar a produção neste ano em 40%, mas já está produzindo 60%
mais.

Segundo o IBGE, os aparelhos de ar condicionado ficaram, no mês passado,
0,96% mais caros que em dezembro, contra inflação oficial de 0,75%.

Fonte: O Globo - 18.02.2010

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