Alta nas tarifas de energia impulsiona negócios de geração distribuída com placas solares

O aumento das tarifas de energia elétrica no Brasil favorece uma
rápida expansão da geração solar distribuída, com instalação de
painéis fotovoltaicos por consumidores, comércios e indústrias,
disseram investidores e especialistas.
Empresas do segmento, muitas das quais são startups, já oferecem
pacotes que incluem financiamento para a instalação dos equipamentos,
embarcando em um modelo em que o consumidor gera a própria
eletricidade e recebe créditos em troca de eventuais excedentes.
A alternativa chamou a atenção também do governo, com o Ministério de
Minas e Energia pretendendo lançar neste semestre um plano de
incentivo à geração distribuída, enquanto a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) conduz uma audiência pública para discutir
medidas que poderiam levar o país a sair praticamente do zero e
atingir 2 Gigawatts em geração distribuída em 2024 - equivalentes à
potência instalada das usinas nucleares de Angra, no Rio de Janeiro.
O sócio da SolarGrid, Henrique Loyola, que vendeu participação que
detinha na corretora XP Investimentos para apostar na microgeração de
energia elétrica, estima que para atingir a capacidade projetada pela
Aneel serão necessários investimentos de 15 bilhões a 20 bilhões de
reais.
"O Brasil é uma enorme oportunidade em geração solar. As tarifas estão
muito altas, a radiação solar é muito forte e o mercado é praticamente
inexplorado", disse Loyola à Reuters.
O diretor da consultoria E&Y Mario Lima destacou que, além disso,
instalações solares podem ser concluídas rapidamente, o que é uma
vantagem no momento em que o país busca sair da maior crise de oferta
de energia elétrica desde o racionamento, em 2001.
De acordo com estimativa do Banco Central, as tarifas de energia
elétrica devem subir neste ano em média 41 por cento, depois de terem
subido cerca de 17 por cento no ano passado, tornando mais competitiva
a geração distribuída.
"Geração de energia elétrica, particularmente eólica e solar, é
basicamente o único setor de fora da atual crise econômica pela qual
passa o Brasil", disse Lima.
Na SolarGrid, Loyola espera passar dos atuais 50 clientes para cerca
de mil até o fim do ano. Ele estima que os equipamentos solares se
pagam em oito anos, a depender da região. "Ainda é um pouco longo, mas
depois que você paga tudo, o negócio continua te rendendo uma taxa de
retorno alta."
Mesmo grandes empresas de distribuição de energia elétrica, que
poderiam ver na geração distribuída uma ameaça, uma vez que o modelo
reduz a demanda por eletricidade na rede, estão interessadas em entrar
no segmento."A região metropolitana de São Paulo tem um grande
potencial para a geração distribuída... muitas pessoas com alto poder
aquisitivo e elevado consumo de energia", disse à Reuters, em
entrevista recente, o presidente do grupo AES Brasil, Britaldo Soares.
O executivo afirmou que a AES Brasil analisa algumas soluções de
geração distribuída utilizadas nos Estados Unidos por sua
controladora, a AES Corp, para possivelmente replicar o modelo em São
Paulo.
A CPFL Energia, que controla distribuidoras no Estado de São Paulo,
também tem oferecido soluções de geração distribuída por meio de sua
subsidiária de comercialização de eletricidade, a CPFL Brasil, que
oferece soluções de eficiência energética.
"Os painéis fotovoltaicos são uma demanda que temos visto nos
clientes", comentou o presidente da CPFL Brasil, Daniel Marrocos, em
entrevista à Reuters na semana passada.
O executivo disse que os aumentos no preço da energia abrem espaço
para oferecer soluções como essa em contratos que prevejam, por
exemplo, remuneração de acordo com a energia economizada pelo cliente
após a instalação ou a compra e instalação dos equipamentos em modelo
de leasing.
Fonte: R7 Notícias (imagem ilustrativa)

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